Henrique Oswald foi um dos compositores mais importantes de sua geração. De inspiração requintada e romântica, forma impecável, conhecia seu ofício, encantando até hoje os conhecedores de música com suas idéias originais e mesmo por vezes pioneiras. Sendo também pianista, compôs especialmente para piano, embora deixando-se seduzir por todos os gêneros da música erudita, como concertos para orquestra, peças para violino e violoncelo solo, música de câmara como trios, quartetos e quintetos, óperas e uma produção generosa de música sacra, assim como canções para voz e piano.
Nasceu no Rio de Janeiro, à rua dos Ourives, aos 14 de abril de 1852, tendo sido batizado no dia 17 de abril, na Paróquia do Ssmo. Sacramento da antiga Sé do Arcebispado de São Sebastião do Rio de Janeiro, à Avenida Passos, recebendo os nomes de Henrique José Pedro Maria Carlos Luiz. Foram seus pais Jean Jacques Oschwald, suiço-alemão natural de Oberaach, Kanton Thurgau – Suiça, e Maria Carlota Luiza Oracia Cantagalli, natural de Livorno – Itália. Pouco antes de vir para o Brasil, após o casamento, Jean Jacques simplifica o sobrenome, passando a assinar Oswald.
Em 1853, Henrique viaja com sua mãe para São Paulo, ao encontro do pai que ali se estabelecera com uma fábrica de cerveja. Na altura da Ilha Grande, o navio que os transportava com destino a Santos incendeia-se. Tripulantes e passageiros refugiam-se na Ilha e o menino guardaria até o fim da vida o trauma dos estrondos provocados por explosões de pólvora de que o navio “Rio de Janeiro” estava carregado.
Moram então à Rua da Casa Santa nº. 10, São Paulo, mas o negócio de Jean-Jacques não tendo êxito, ele procuraria em Campinas e Curitiba outras formas de trabalho. Enquanto isto, a mãe de Henrique, Carlota, sobreviveria com o filho, dando lições de Piano e ensinando línguas, como francês, italiano e inglês.
A partir de 1857 Jean-Jacques instala em São Paulo um comércio de pianos. Henrique, já iniciado neste instrumento por sua mãe, convive diariamente com eles que de certa forma passam a ser seus brinquedos.
Entre seis e sete anos já se apresenta em público, com grande sucesso e é entregue ao Professor Gabriel Giraudon, francês que se estabelecera em São Paulo, considerado então o melhor professor da cidade. Os estudos escolares, Henrique os faz no Pequeno Seminário Episcopal , situado hoje no bairro da Luz.
Jean-Jacques havia registrado o filho em 1867 no Vice Consulat de Suisse, declarando o filho cidadão suiço, com a possibilidade de escolher a cidadania brasileira aos 21 anos.
Partindo para a Europa com Henrique quando este contava 16 anos, pensava Carlota entregá-lo aos cuidados de Von Bullow, genro de Liszt, mas ao desembarcar na Itália, muda de idéia e resolve permanecer em Florença onde ele entra para o Instituto Moriani, estudando contraponto, harmonia e composição com os Professores Maglioni e Grazzini e piano com Henry Ketten e Giuseppe Buonamici. O pai já se reunira aos dois e passam a morar então no bairro de Fiesole.
Em 1881 Henrique casa-se com Laudomia Bombernard Gasperini, filha de Ottavio Gasperini, diretor do Insituto Educativo de Florença e de Maria Bombernard Gasperini, francesa.
Desde 1879 o jovem músico gozava de uma bolsa de estudos de 100 francos, concedida pelo Imperador Pedro II, que de passagem por Florença tivera oportunidade de conhecê-lo – quando ele inclusive lhe dedicara um recital. Já então tendo optado pela cidadania brasileira, Henrique sentiu-se à vontade para receber a bolsa que o imperador lhe oferecia.
Em 1882 nasce o primeiro filho do casal, Carlos, que se tornaria pintor e pioneiro da gravura no Brasil. Foi registrado no Consulado Brasileiro de Florença, assim como o irmão, Alfredo, e as três irmãs Maria Horacia, Erminie, e Henriqueta Margheritta, Erminie tendo falecido aos três anos de idade.
Em 1896, já bastante conhecido na Itália, com uma posição sólida não somente no mundo cultural como social, Henrique viaja para o Brasil, acompanhado da esposa e do violoncelista Cinganelli, para mostrar sua música e rever a pátria. Faz grande sucesso tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, e é louvado pela crítica no Brasil. Daí em diante, passará a retornar ao Brasil regularmente para turnês, tendo em 1889 tido a oportunidade de tocar a dois pianos com Camille Saint-Saens uma composição deste, “Scherzo”, causando excelente impressão no compositor francês, que conhece as músicas do brasileiro na casa do Prof. Luigi Chiafarelli em São Paulo e não deixa de exaltá-lo.
Em 1900 é nomeado pelo presidente Campos Sales (que o havia conhecido em Florença) chanceler do Brasil no Consulado do Havre. Pensava Campos Sales, que fixando-se perto dos centros nervosos de música como Paris e Londres, isto o instigaria e o inspiraria a compor. Mas tal não se deu, pois as tarefas deste cargo eram burocráticas, tirando do compositor não somente a inspiração, mas o tempo. Transfere-o então para Gênova, permitindo que tivesse domicílio em Florença onde enfim, livre de outras preocupações, pôde dedicar-se realmente à composição. É desta época a ópera “Le fate” e “Il neige!”, deliciosa composição para piano, que em 1902 receberia um dos mais importantes prêmios musicais concedidos na Europa, quando compete com 647 manuscritos oriundos de países como Ásia, Pérsia, Egito, as duas Américas, e, da própria Europa. O Júri não poderia ser mais seleto: na Presidência, Saint-Saens, na categoria de compositor, Gabriel Fauré, e como pianista, Louis Diémer. Haviam 26 prêmios a serem conferidos. Henrique apresentou-se sob o pseudônimo “Figaro, qui, Figaro llà, Figaro giù, Figaro su” em uma bem – humorada alusão ao patrocinador do Concurso, o Jornal “Le Figaro”, dirigido por René Lara. Henrique vence por unanimidade. O júri encantado ficou surpreso pois pensavam tratar-se de um francês – talvez Ducasse, ou Ravel, ou ainda Debussy. A surpresa foi grande quando viram que se tratava de um brasileiro.
Em maio de 1903, Henrique é nomeado para o lugar de Diretor do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro pelo Barão do Rio Branco. Permaneceria neste cargo até 1906.
Em março de 1906, apresenta-se ele em Munique, com composições suas, conjuntos de câmara e piano solo. Um pequeno Diário desta excursão nos informa dos conflitos, dúvidas, sucessos e decepções desta viagem à Alemanha.
Retornando ao Brasil, dedica-se ao estudo e apresentações esporádicas. Em 1909 toca o seu Concerto para Piano e Orquestra no Instituto Nacional de música, sob a regência de Alberto Nepomuceno, então diretor do Instituto. É nesta época que compõe sua Sinfonia, Opus 43. Retornando a Florença , lá recebe o convite formal para assumir como catedrático uma cadeira no Instituto Nacional de Música. Instala-se então definitivamente no Brasil, não retornando nunca mais à Itália.
Em breve toda a família reúne-se aqui. Sua sinfonia é apresentada pela primeira vez em 1918, tendo como regente Marinuzzi, à frente da Orquestra do Teatro Colon de Buenos Aires.
Teve Henrique Oswald a oportunidade de relacionar-se com inúmeros músicos famosos. Com alguns desenvolveu mesmo uma verdadeira amizade como com o músico russo Rebikoff, ainda em Florença. Conheceria também Gabriel Fauré, compositor francês, Louis Diémer, pianista, Gabriel Pierné, Izidor Philipp, grande mestre de famosos pianistas, Maurice Dusmenil, Moritz Moskowsky; no Brasil além dos músicos de sua geração como Alberto Nepomuceno, Barroso Netto, Glauco Velasquez, Alexandry Levy, Leopoldo Miguez, foi amigo íntimo de Francisco Braga, conheceu Respighi, hospedando-o quando de sua passagem pelo Brasil em lua de mel, pianistas como Brailowski, Artur Rubinstein (que o chamava de Fauré Brasileiro) e nosso grande Villa Lobos, cujo sucesso vaticinou quando este ainda era um jovem desconhecido. Reunindo semanalmente em sua casa músicos domiciliados no Rio ou de passagem por esta cidade, chegou a ter grande intimidade com o compositor Darius Milhaud, então secretário do Encarregado dos Negócios da França no Brasil, o poeta Paul Claudel. A amizade com eles prolongou-se mesmo depois que retornaram à França, pois continuaram a manter uma regular correspondência.
Os anos 20 são, para Henrique Oswald, os do triunfo reconhecido, todos o respeitam. Recebe em julho de 1920 a Médaille du Roi Albert (avec ruban striié d’une rayure) conferida pelo governo da Bélgica.
É nesta década que adquire em Petrópolis a bela casa à rua Carlos Gomes 42, onde passará temporadas com a família. Entretanto, continua com seu trabalho de professor, de preferência ao de compositor. A vida é calma. Oswald recebe amigos que para ele tocam suas novas composições e ele ouve as suas executadas pelos mesmos. Apesar da ebulição da Semana de Arte Moderna, Henrique se conserva à parte, aceitando os “modernismos”, mas não aderindo a eles. Isto não quer dizer que não encoraje os alunos e amigos a buscarem novos caminhos. Coloca-se na posição de observador. É um período de calmaria. Alegra-se com a presença dos netos e com as notícias que recebe das execuções de suas obras no exterior com sucesso. Assiste à realização de Carlos como pintor, e os sucessos de Alfredo como pianista.
É quando recebe a notícia da resolução deste filho de dedicar-se à vida religiosa na Ordem dos Jesuítas. Apesar de seu espírito profundamente religioso, não deixa de ser um golpe. Alfredo era responsável em grande parte pela difusão da música de seu pai em todo o mundo. Começa então para o compositor a fase sacra. Dedicar-se-ia daí em diante sobretudo à música religiosa, compondo missas e cânticos religiosos.
Grandes festejos marcam a passagem de seu 79º aniversário. Execução de suas obras, festas, banquetes, honrarias. Alguns dias antes de sua morte, o embaixador da França no Brasil, Conde Dejean, comunica a Oswald que seu país resolvera conferir-lhe o título de Chevalier de la Légion d’Honneur. Não chega a recebê-lo. Falece no dia 9 de junho, após um dia normal, em que deu suas aulas como de costume. É condecorado pelo Embaixador da França em seu velório. Está sepultado no Cemitério de S. João Batista no Rio de Janeiro.
OBRA
Melodista nato, a música para piano de Henrique Oswald, teve imediata aceitação entre os editores. Na Itália, publicam-nas: Genezio Venturini – Florença: Carish e Janichen – Leipzig / Milão; Ricordi – Milão; Durand – Paris; Boston Music Co. – Boston; no Brasil: Ricordi – São Paulo; Bevilacqua – Rio de Janeiro; Arthur Napoleão – Rio de Janeiro; Vieira machado – Rio de janeiro; Mangioni – Sào Paulo; Mello Abreu – Sào Paulo, ainda mais tarde, Novas Metas – São Paulo.
Há uma grande quantidade de peças para piano ainda inéditas. Encontram-se em manuscritos originais no Departamento de Música da Universidade de São Paulo, por doação da família, no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro e na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
De grande interesse é a música de Câmara de Henrique Oswald: Sonata para Piano e Violoncelo, para Piano e Violino, Sonata – Fantasia para Piano e Violoncelo; Trios (o Trio “Serrana” conteria elementos de ritmos brasileiros não usuais na obra do mestre). Quartetos, Quintetos, Octeto; Peças para Violino e Piano, Violoncelo e Piano: Canções para Piano e Canto; um Concerto para Piano e Orquestra; Tema e Variações para piano e Orquestra; Concerto para Violino e Orquestra; Peças para Orquestra; Três óperas; Missas, e cânticos para acompanhar atos litúrgicos, uma Sonata para Órgão , dedicada ao grande organista Furio Franceschini. Mas sem dúvida, a parte mais generosa de sua produção está dedicada ao Piano, o instrumento de sua predileção.
Estas notas foram extraídas especialmente da biografia Henrique Oswald – Músico de uma Saga Romântica, editado pela EDUSP – de autoria do Pianista, Professor Doutor, José Eduardo Martins, hoje a maior autoridade oswaldiana. Na biografia, o Professor José Eduardo Martins explora não somente a vida, como detalhadamente a obra, dando-nos um panorama completo e minucioso do universo de Henrique Oswald.
Para os interessados em executar a música de Henrique Oswald, informo que ela se encontra guardada em manuscritos originais no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, na Biblioteca da Escola de Música do Rio de Janeiro, e uma parte considerável no Departamento de Música da USP, São Paulo. Muito de sua obra publicada para piano ainda pode ser encontrada em casas de música, sobretudo no eixo Rio-São Paulo.
Jean Jacques Oswald, pai de Henrique Oswald era um espírito aventureiro, dotado de grande generosidade, e um verdadeiro defensor dos direitos humanos. Antes de vir para o Brasil morou na Algeria, onde possuiu mesmo uma propriedade. Aqui ligou-se aos movimentos abolicionistas, participando de reuniões, tendo ocasião de conhecer Castro Alves. Defendia também ferozmente os colonos suíços, trazidos para o Brasil pelo Senador Vergueiro a fim de trabalharem em suas fazendas, com falsas promessas, e que no Brasil sofriam humilhações e maus tratos. Thomas Davatz, em “Memórias de um colono suíço,” que foi traduzido para o português por Luis Buarque de Holanda, denuncia episódios revoltantes, e fala longamente da ajuda de Jean Jacques, contando inclusive a perseguição contra o compatriota movida pelo Senador Vergueiro que teria posto sua cabeça a prêmio. Por este motivo Jean Jacques esconde-se em Curitiba de onde envia belas cartas para a sua mulher.
Certa vez, encontrando-se sozinho em casa, o menino Henrique é surpreendido pela chegada de alguns homens mal encarados que perguntavam por seu pai. Como estes tentassem invadir a casa, Henrique, corre para a parede e tomando um florete que lá estava pendurado, grita para os invasores: “Aqui ninguém entra!” Este episódio sempre foi contado na família, para provar a coragem do menino de aparência frágil e tímida.
Quando Henrique estudava com Giuseppe Buonamici, teve ocasião de conhecer Liszt. Hospedando-se na casa do professor italiano, Liszt sentava-se freqüentemente ao piano para tocar. Henrique e alguns colegas, escalavam o muro do jardim para poderem ouvir o mestre. Certa vez notando-lhes a presença Liszt indagou de Buonamici: “Professor, hoje enquanto eu tocava pareceu-me ver sobre o muro algumas cabeças de macacos. Achei estranho…”. Os macacos eram os jovens alunos, que avidamente procuravam ouvir o grande compositor.
No seu diário, Carlota, mãe de Henrique, relata uma visita deste ao professor, que o teria feito tocar para Liszt. Após elogiar o rapaz, Liszt o teria mandado levantar-se dizendo: “Agora, eu vou tocar para você,” deixando maravilhado o jovem.
Até hoje, a família de Henrique Oswald guarda um objeto precioso.* É um meio charuto que Liszt teria jogado fora e que Henrique recolheu piedosamente, envolvendo-o em papel de seda, como uma relíquia.
Em outro trecho do diário, Carlota conta que Henrique acompanhou o mestre à estação quando este partiu de Florença. E encantada, relata, que Liszt teria beijado o jovem nas duas faces ao despedir-se, acrescentando “Que Deus abençoe o caro Maestro.”
Um episódio curioso aconteceu certa vez em que Henrique Oswald dirigia-se para Florença de trem. Na cabine que ocupou já havia um senhor que após cumprimentá-lo absorveu-se na leitura de um jornal. Henrique, por sua vez, abriu um livro e pôs-se a ler. Ao chegarem em Florença, saltaram ambos. Foi quando o companheiro de viagem, tirando um cartão de visita do bolso apresentou-o a Henrique. Nele estava escrito: Rebikoff, diretor do Conservatório de Moscou. Henrique então, imitando-lhe o gesto apresentou seu cartão: H. Oswald, diretor do Instituto de Música do Rio de Janeiro. Desse momento em diante desenvolveram uma grande amizade. Rebikoff passou a freqüentar a casa do colega brasileiro, sendo inúmeras as anedotas concernentes ao caráter original do grande compositor russo relatadas pelos filhos de Oswald.
Obs: Diários e documentos relativos a Henrique Oswald, como correspondência entre Jean Jacques Oswald e esposa, e cartas de Henrique menino para seus pais encontram-se no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, e no acervo da família.
Alguns dados sobre a personalidade e o físico de Henrique Oswald
Henrique Oswald herdou a compleição de sua mãe Carlotta. Estatura baixa, sempre manteve a aparência franzina da infância. Feições regulares, olhos grandes. Caráter doce e manso, jamais elevava a voz. Profundamente bem educado, era um verdadeiro “gentleman” e esta foi a lembrança que deixou em todos que o conheceram. Entretanto, era seguro de si mesmo e sabia o valor de sua música, que procurou difundir, enfrentando todas as dificuldades por que passam os artistas que fazem de sua Arte, não uma profissão, mas um Ideal.
Gostava de se vestir bem. Estava sempre elegante. Aliás a elegância nele era natural, não somente a elegância externa, do vestuário, mas a de maneiras e de comportamento. Sabia fazer amigos e os tinha muito fiéis, como o Maestro Francisco Braga, que lhe tinha amizade de irmão.
De uma delicadeza extrema, tratava com o mesmo respeito pessoas humildes e de importância social com quem tinha oportunidade de lidar.
Fui testemunha, como sua neta, de um pequeno fato, aparentemente sem importância, mas que demonstra seu caráter de bondade e delicadeza. Era hora do almoço e fomos convidados a nos sentar ao redor da grande mesa de refeições. Quando ele ia tomar o seu lugar, viu que uma das cachorrinhas da casa (Tête e Choux) tinha adormecido sobre a almofada de sua cadeira. Alguém correu para enxotá-la o que o fez protestar veementemente. Deixassem-na continuar em seu sono tranqüilo. Ele foi procurar outra cadeira e sentou-se ao lado do animalzinho. Eu era bem pequena, mas jamais me esqueci deste incidente.
Maria Isabel Oswald Monteiro
*Em Junho de 2012, com o falecimento de sua neta Maria Isabel, o charuto de Listz, assim como seu piano e sua cadeira trono foram doados por seus filhos à Escola de Música da UFRJ.